Estava na tarde de Sábado sentando defronte da televisão. Estava a passar um programa sob o HIV e SIDA. Não vi o programa desde o início, mas sei que o apresentador é o Gabriel Júnior do “Moçambique em Concerto”. É salutar falarmos do HIV e SIDA, mesmo quando não sabemos conduzir a conversa. Há pessoas corajosas que estão a fazer o teste, e o teste de uma delas deu positivo.
Bem, não é sobre o HIV e SIDA que quero falar. Esta é apenas uma pequena postagem para não sobrecarregar o vosso fim de semana.
O “Moçambique em Concerto” é um dos poucos programas que exibe como parte do seu logotipo a bandeira moçambicana, portanto um símbolo da nossa soberania. Os símbolos de uma nação ocupam um lugar especial no panteão dessa mesma nação. São até reverenciados não fossem eles os que aglutinam os diferentes grupos sociais à volta de um objectivo comum. Os símbolos como, por exemplo, bandeiras simbolizam (desculpem-me o pleonasmo) a soberania, orgulho e honra. Reflectem os ideias, crenças e valores defendidas por uma determinada nação. Formam um elemento crucial da identidade das nações, pelo que devem ser tratadas com dignidade e honra.
Outras nações têem regras escritas sobre como os símbolos devem ser utilizados e quando. Ao que me parece Moçambique não consta do rol desses países. Ora vejamos, eu não saberia de que lado colocar a nossa bandeira se houvesse a bandeira de um outro país: se do lado direito ou esquerdo. Também não sei se posso colocar a bandeira no meu cartão de visitas. Não saberia se como cidadão comum, posso içar a bandeira em casa e como o posso fazer; se posso içá-la à noite; se posso reproduzi-la e em que tamanho; se posso utilizá-la para questões de publicidade ou decoração; se ao estragar-se ou desfiar-se posso deitá-la na lata de lixo; entre outros.
Outro dia, ao anunciar a sua saída do programa “Pontos de Vista” da STV, Amorim Bila, obsequiou-nos com uma carta onde via-se claramente o emblema de Moçambique no topo. São dessas coisas que nos deixam confuso, i.e, se um cidadão pode usar papel timbrado com o símbolo nacional para correspondência pessoal.
Falava do programa “Moçambique em Concerto” que hoje tem como palco aquele edifício grande na baixa da cidade, denominado de shopping centre. O programa parecia ser mais interactivo visto que estava sendo produzido num sítio público onde passavam famílias e pessoas singulares, que eram interpelados de quando em vez.
Dizia que o “Moçambique em Concerto” tem um logotipo muito interessante sob qualquer ponto de vista. O logotipo consiste da bandeira de Moçambique e a figura de um saxofonista superimposta sobre aquele símbolo nacional (noutros países não se permite a superimposição de qualquer figura sobre a bandeira). Noutro dia iria questionar a racionalidade de colocar um saxofonista sobre a bandeira no sentido de porquê justamente um saxofonista e não a figura de um outro artista a tocar qualquer outro instrumento – evoco aqui a questão de representatividade.
Bem, ao contrário de outros dias, quando o programa é apresentado no estúdio, o logotipo do programa servia de tapete ao palco ali montado. Por conseguinte, todo o artista que por lá passava pisava-o e por tabela pisava a bandeira nacional.
A minha questão é: existem regras para o uso da bandeira ou qualquer outro símbolo no país? Se sim, quem é que fiscaliza a aplicação dessa regra? Se não, o que pensam os moçambicanos sobre o uso da bandeira como tapete? Pisar a bandeira é ou não crime? Pode-se atear fogo à bandeira nacional, por exemplo?
Bom fim de semana!
Olá gostei do seu blog, fala sobre o dia-a-dia de moçambique, e o melhor que é portugues! até mais!
ResponderEliminarOlá gostei do seu blog, fala sobre o dia-a-dia de moçambique, e o melhor que é portugues! até mais!
ResponderEliminarOlá gostei do seu blog, fala sobre o dia-a-dia de moçambique, e o melhor que é portugues! até mais!
ResponderEliminarBV, muito obrigado por este artigo. já eu um dia tinha me insurgido contra uma publicidade do arroz ngonhama, onde os publicistas colocaram a cabeca de leao no meio da bandeira, substituindo assim o nosso emblema por aquele.
ResponderEliminarde facto, nao temos aquilo que os outros chamam de Coprporate Identinty Standards Policy, muito menos uma politica e estrategia de comunicacao clara do Governo Mocambicano, o mesmo acontecendo com tantas outras organizações.
Por exemplo, ao longo de todos anos em que estive na UEM, em nenhum momento cruzei com o Logotipo original da UEM. E, por outra, vi logotipos de varias cores, desde preto ate amarelo.
Pelo que eu saiba, a cor da UEM e verde (e nao sei se e verdade porque nao vi em nenhum sitio escrito).
Sou da opinião que precisamos rapidamente uma politica clara de comunicação(o governo canadiano, por exemplo, tem-na no seu site.
Precisamos também que os responsáveis pela comunicação nos ministérios sejam vigilantes por tudo isto.
No caso a quete referes, tinha que ser o GABINFO a interceder junto da produção do programa. Mas... será que ela esta ciente disso?
Abraços.
E.
Hmmm, Bayano, esse teu olhar... Bom, caro, trazes aqui uma questao deveras interessante. Eu, que cresci no tempo em que as bandeiras eram içadas na escola sob o Hino Nacional, fico revoltada com a forma como um dos simbolos do nosso orgulho é usado.
ResponderEliminarAquela do arroz Nhgonhama, so lembra o Diabo. E depois dizem que os jovens nao valorizam o que é nosso ou nao estao em condiçoes de tomar as redeas deste pais, também, com os exemplos que sao dados, veja-se, pelo canal nacional de TV o que se pode esperar?
caro egídio,
ResponderEliminaré isso ai mesmo. falta de política clara de comunicação. não é por acaso que acontecem abusos e ninguém sabe dizer nada. os ministérios e outras instituições públicas vão inventando, e até se chega a montar fotos de directores. se houvesse uma política clara pelo menos sabia-se o que colocar na parede.
cara ximbitane,
ResponderEliminarpois!!! os símbolos nacionais são desvalorizados de tal sorte que os jovens apenas seguem o exemplo. acho que as comportas arrebentaram quando entramos numa de jingoísmo com bandeira por todo o canto, e até em chinelos (não me refiro ao topo mas na parta da lingua, e o que fica é só pisar)
cara kenia,
ResponderEliminarobrigado pela vênia. passei pela tuda casa também. muito cheia de fotos.
Adorei o post,
ResponderEliminarpor acaso tocas num assunto que ja ha bastante tempo me deixa intrigada...
do pouco que sei, nao me parece legitimo usarmos a bandeira a toa...eh um simbolo de soberania e nao me parece simpactico que o andemos a pisar ou que apareca banalisado em qualquer lugar nao oficial...mas talves pq no Brasil se coloque a bandeira em chinelos, bones e outras coisas que tais...sejamos tb"levados pla onda", sem nem se quer questionarmos por que eh q isso acontece.
Em tempos estive em Ohio e vi casas com bandeiras americanas pinduradas nas varandas e perguntei pq era. Disseram me que eram as casas das familias que tinham os seus filhos na guerra...pareceu me um motivo nobre o uso da bandeira naquele lugar.
Muito recentemente recebi um convite p participar de uma festa de uma cantora Mocambicana, indignou me o facto de o convite levar o emblema da Republica de Mocambique, acompanhado por um texto no qual se dizia que as pessoas estavam intimadas a participarem na tal festa...Bayano...ao que chegamos...Ufff? Precisamos msmo de um esclareciento!!!!
SJ
cara sj,
ResponderEliminaracho que é uma combinação de factores e a onda brasileira também deve caber. por acaso os americanos gostam muito da sua bandeira, mas há normas para o seu uso. também pela minha viagem pelos eua vi bandeiras içadas em casas de particulares. acho que já era algo que se fazia desde os tempos da luta entre o norte e sul e que ficou enraizada na psique norte-americana. salvo erro até têem o juramento pela bandeira. alguém dirá que é próprio de um país com o percurso de três centenas de democracia????
temos é que ter regras para o uso dos nossos símbolos
bv
O modismo de facto contribue para que a bandeira perca muito do valor que tem. Veja o caso das camisas, depois vieram os bonés que começaram a ser costurados e vendidos no Estrela, depois vieram os chinelos...
ResponderEliminarE compreensivel a mania das bandeiras devido ao futebol e aos avanços dos Mambas, mas mesmo assim ha falta de controle e de regras no uso das mesmas. A bandeira agora parece uma marca como tantas outras que pululam no mercado de roupa, imagine-se!
Oi.Bayano.
ResponderEliminarNão é que acertaste na mosca. Deparei-me a dias com as mesmas questões quando fazia o logotipo de um centro de estudos. Quiz usar, e usamos, as cores da bandeira nacional. Os cartões de visitas dos membros ostentam as mesmas cores. Eish, vai ver comentemos um crime!
abraço
Amigo Bayano!
ResponderEliminarO Estado Mocambicano ainda e' jovem! Vais ver que ha' muitas leis, normas, codigos de conduta, etc, de que "ninguem" sabe que devem existir! E' com debates destes que se levantam as consciencias da sociedade civil e das instituicoes de direito, para a devida regulamentacao destas coisas!
Vais ver que a esse andar, o Conselho Municipal decide pintar a bandeira de Mocambique, nas lombas que propoes para a Av. da Marginal!
Um abraco!
cara ximbitane,
ResponderEliminaraté que ao meu ver não é problema que a bandeira seja uma marca. o que é importante a reter é que existem normas do uso da marca. não vais encontrar o swoosh da nike mais grosso ou mais fino do que o definido, por exemplo. e também vai ser um produto de qualidade, ao não ser uma imitação. temos é que encontrar melhores formas de gerir o uso da bandeira sob risco de perder valor.
caro patrício,
ResponderEliminaraposto que não terias passado por essa experiência se houvesse normas e uma política de comunicação claras sobre o uso dos nossos símbolos. dizem os juristas que só é crime o que vem tipificado (hehehe). quanto mais falo com pessoas fico com a sensação de que ninguém pensou sobre a bandeira.
caro jonathan,
ResponderEliminarpodes ter razão no tocante à idade de moçambique ser um dos factores para a falta de normas, códigos de conduta, etc.. agora, será que alguém que possa fazer chegar a palavra está a ler-nos?
não diga isso sobre a bandeira nas lombas!!!! ainda podes acertar. depois dos teus vaticínios acertados, temos que ter cuidado sobre aquilo que prevês (hehehe. brincadeira). mas a ser verdade o que algumas pessoas ligadas ao governo de comiche dizem, tudo pode acontecer. ouviste a história de que simango pediu o manifesto de comiche porque não tinha nenhum?
Jonathan McCharty, é outra coisa é falta de tempo dos nossos para isso mano.
ResponderEliminarkkkkkk deve ser falácia Bayano Valy onde é que já viu até manifesto se empresta! kkkk esses senhores brincam com as pessoas mesmo!...........
abraços Valy
Bayano, eu acho que o Comiche foi tambem vitima do "travao" que estava para ser accionado para o Deviz! E' que se o David Simango "foi posto" no cargo para "dar seguimento" ao trabalho do seu antecessor, como e' que o faria, ou porque que e' que o faria, se nem sequer conhece os planos dessa pessoa a quem pretende substituir?? Se havia duvidas, esta e' a prova de que Comiche foi pura e simplesmente atirado do "bus"!
ResponderEliminarEssa de quem de direito ler as coisas que sao expostas aqui pela blogsfera, e' outro bico de obra! Esse pessoal, para alem do "noticias" nao le mais nada! O problema e' que estamos numa sociedade onde os problemas ainda nao sao discutidos! Levantar uma questao critica, e' sinonimo de "atentar contra os interesses da nacao", e' ser "apostolo da desgraca"! Ainda vai levar tempo, mas chegaremos la'!
chacate,
ResponderEliminarcomo disse não tenho provas fora o que me dizem os colaboradores de comiche. e se isso for verdade, estaria ai uma questão interessante.
caro jonathan,
a questão que colocas tem razão de ser. mas como disseste e bem, comiche foi travado; ninguém me convence que foram as bases. e depois, se simango de facto acordou um dia e decidiu candidatar-se à presidência do município, é porque teria opiniões próprias sobre o que mudar. veja em que contexto surge a sua candidatura; surge no contexto de substituir um camarada, que ainda por cima fazia um bom trabalho. então, porquê recorrer ao mesmo para lhe dar o manifesto?
quanto ao pessoal ler o que nós expomos, tenho uma opinião contrária. penso que lêem, só que ignoram.
Concordo com este teu ultimo paragrafo! Tacitamente e' o que referi ao abordar a questao, como a critica supostamente "contraria" e' avaliada ainda no nosso meio. "Ignorar" e' exactamente uma das armas potentes de fuga ao debate dos nossos problemas!
ResponderEliminarcaro jonathan,
ResponderEliminarditto