sexta-feira, 20 de março de 2009

Agenda pe(n)sada

É uma agenda pe(n)sada, a nossa. O título não é meu. Era o nome de uma coluna que um familiar meu publicava todas as segundas no boletim electrónico, Mediafax. Era uma coluna muito analítica quanto informativa. Devido à uma incumbência do Estado teve que deixar de escrever – agora, com certeza os seus escritos giram em circuitos restritos. É uma pena o facto de os nossos intelectuais terem que deixar de publicar as suas ideias sobre o país logo que são nomeados para uma função do Estado.

Não sei se por ordens superiores ou por auto-censura. Mas como conheço um vice-ministro que revela as suas ideias na sua coluna dominical, posso supor que seja por iniciativa própria que deixam de escrever. Enfim, escusado será dizer que perdemos muito do seu convívio intelectual.

Bem, hoje pretendo recuperar o nome da tal coluna para descrever o que penso ser a agenda da bloguesfera, que ainda não sei se é uma agenda pesada para ser pensada ou pensada por ser pesada ou porque pesada – cada um pode tirar as suas conclusões.

A bloguesfera moçambicana cresce a olhos vivos. Nos nossos dias ter um blogue significa fazer parte de uma comunidade seleccionada, cujos membros possuem algum “nível de capital cultural e económico” nos termos de Pierre Bourdieu – é preciso recordarmo-nos que os blogues não podem viver para além do computador.

Há blogues para todos os gostos: blogues que se dedicam a contar sobre as festas e ramboias do fim-de-semana; blogues literários; blogues eróticos; blogues culturais, blogues académicos, blogues políticos, blogues femininos, entre outros. Por alguma razão, talvez devido à seriedade com que escalpelizam o país, alguns blogues são etiquetados de blogues “pensantes” ou “sérios”.

Aliás, os chamados blogues “sérios” ou “pensantes” de alguma forma aglutinam gente que na medida do possível tenta apresentar uma outra visão crítica do país – os autores desses blogues são pessoas especialistas em diversos ramos de saber. Esses últimos é que são o objecto desta postagem.

Mas antes é mister referir que o grande argumento a favor dos blogues é de que concorrem para o alargamento da esfera pública. Esfera pública definida inicialmente por Jürgen Habermas como um espaço político específico distinto do Estado e economia, uma arena discursiva que é palco de debate, deliberação, acordo e acção dos cidadãos. Por outras palavras, é um local onde cada indivíduo pode expressar os seus interesses e opiniões, gerar discursos e potencialmente levar a que se desenvolva uma acção colectiva que acrescente valor a esses interesses.

Quando Habermas avançou o seu modelo de esfera pública, fê-lo no contexto da centralidade de uma imprensa livre para a democracia, sendo que os meios de comunicação das massas funcionam como um mecanismo que informa e enforma a visão dos cidadãos transformando-se num campo para um debate de ideias sustentado, deliberações e crítica, onde os cidadãos podem expressar os seus interesses junto dos seus líderes. Portanto, o modelo concebido por Habermas centra-se no potencial democrático/revolucionário da diversidade de vozes articulando os seus interesses na esfera pública.

Decorre do disposto acima que qualquer meio de comunicação que possivelmente aumenta o acesso para mais público dispõe de um potencial democrático. Esta é a questão levantada com relação aos blogues, se de facto ajudam a alargar ou não a esfera pública.

Um outro argumento relacionado aos blogues é de que em alguma medida têm o potencial de revolucionar o jornalismo, torná-lo mais democrático – o pressuposto é de que os média ou são ou não democráticos, ou não o são suficientemente, tanto em países onde há controle ou supressão dos média como em nações onde existe uma comunicação social “independente”. Não se pode negar que a importância dos blogues em democratizar o jornalismo reside no seu potencial e não tanto em resultados actuais.

Portanto, os blogues têm o potencial de acrescentar valor às tradicionais práticas jornalísticas, oferecendo possibilidades para mudanças incrementais na forma como os média reportam e disseminam as notícias. Aliás, não é por acaso que o bloguismo é descrito como o jornalismo informal, onde temos amadores com algum conhecimento sobre como utilizar as tecnologias de informação.

Em Moçambique não existem blogues cuja vocação é disseminar notícias no sentido estrito do termo, isto é, não há blogues que cobrem eventos para noticiá-los, sendo que há poucas probabilidades de se distorcer a temporalidade do tradicional ciclo de notícias.

Também não existe o que em outros pontos se tem como “citizen journalist (jornalista cidadão)”, cuja tarefa é responder às notícias e opiniões em tempo real, servindo assim de monitores dos média. O que existe são blogues “pensantes” (este termo de novo) cuja característica é analisar o discurso que pulula na esfera pública, seja ele difundido através dos meios de comunicação social ou por outros métodos.

Como disse acima, os autores dos blogues “pensantes” são invariavelmente especialistas e com conhecimento profundo das suas áreas de interesse. Como não competem com os meios de comunicação social, mormente na produção de notícias, acabam socorrendo-se da sua especialidade para cavar mais fundo e com mais detalhe sobre as questões em debate. Contrariamente aos média tradicionais, nem precisam preocupar-se de espaço: isso é o que abunda mais no cíber-espaço. Ademais, através dos elos relevantes que abrem, permitem ao leitor consumir informação de variadas fontes.

Mas o que vejo ser um papel fundamental dos nossos blogues é a plataforma de debate que criam. Há uma certa reflexidade caracterizada por um ciclo despoletado por um texto, seguido de respostas e crítica, permitindo que todas as afirmações sejam sujeitas a um exame, o que leva a uma maior abertura e transparência, para além de que o tal texto é também exposto à uma gama de conhecimento e opiniões públicas que lhe dão um novo significado através da inter-textualidade do discurso - sendo a bloguesfera um mundo vasto, um único texto pode ser acedido por um público indeterminado.

No caso particular de Moçambique, se anteriormente eram os mesmos analistas que preenhiam as páginas dos jornais, compunham os painéis radiofónicos e televisivos, a bloguesfera veio, de alguma forma, mostrar que existe um mar onde se pode ir buscar outras vozes; com outros tipos de abordagens; com outro sentido de dever, acabando assim refrescando a própria esfera pública.

É que na maioria dos casos os autores dos blogues “pensantes” pretendem ser independentes de qualquer tipo de pressão económica, política e social. Porque se crê que um blogue representa o intento do seu autor, ele (blogue) acaba empoderando-o, concedendo-o mais liberdade ainda para fornecer mais cor, subjectividade (de modo algum se quer dizer que não haja objectividade) e comentário político de tal sorte que não seria possível dentro de um quadro de um meio de comunicação social tradicional. Porque o autor tem maior autonomia para publicar (“postar” em nossa linguaguem da bloguesfera), não corre os riscos de o seu artigo ser censurado – a censura, se é que é censura, acontece por via dos comentários críticos ao seu texto.

Numa altura em que se fala da erosão da liberdade de expressão em Moçambique, os blogues são talvez um dos únicos espaços onde a acção da censura oficiosa não se tem feito sentir, embora de quando em vez alguns bloguistas tenham recebido “recadinhos” dos seus superiores hierárquicos.

Chegados aqui, a questão que se pode colocar é se os blogues são influenciados pelos meios de comunicação social tradicionais, ou se os meios de comunicação de massa tradicionais são influenciados pelos blogues. O tráfico parece ser mais no sentido meios de comunicação social tradicional em direcção aos blogues. Uma leitura atenta dos blogues “pensantes” mostra que pelo menos por dia um ou dois dedicar-se-ão a comentar a fundo esta e aquela notícia em função da especialidade do seu autor.

Mas tem havido momentos em que a bloguesfera alimenta os média convencionais. Não vou aqui dar exemplos visto que, acho eu, os que por cá passam, e se estão em Moçambique, já viram textos retirados dos blogues que acabam nas páginas dos jornais.

Nesses casos notou-se que começa a enraizar-se a percepção de que os blogues também desempenham um papel muito importante no debate e mercado de ideias no país. E esse papel torna-se mais relevante ainda porque os debates na bloguesfera não conhecem os mesmos níveis de censura que nos órgãos de comunicação social tradicionais, sendo que há um caudal significativo de ideias, tanto a favor como contra. Talvez a grande atracção da bloguesfera é que não se coíbem de discutir questões que normalmente não encontram eco nos média tradicionais, por serem considerados controversos, e porque raramente as “postagens” e os comentários não são apagados ou censurados apenas porque este e aquele autor não gostou de um determinado ponto do vista.

Esta “travessia no deserto” da bloguesfera com relação aos órgãos de comunicação públicos carece de uma profunda análise que não cabe neste artigo. Mas para já se pode oferecer duas hipóteses: ou ignora-se a bloguesfera por, na maioria parte, esta veicular ideias bastantes críticas (ou desabafos) ao estabelecimento, ou porque esses órgãos de comunicação ainda não se aperceberam da dimensão dos blogues , e por tabela da Internet, na difusão de ideias.

A última hipótese até ganha mais sentido quando uma análise da qualidade do uso das tecnologias de informação mais modernas por parte dos órgãos públicos mostra que é baixa. Por exemplo, o Domingo não tem sequer uma página na Internet; a Televisão de Moçambique e o Notícias não actualizam as suas páginas em tempo real, ou seja, as notícias apenas são actualizadas no dia seguinte. A Rádio Moçambique não foge muito a regra embora propicie a qualquer um que tenha acesso à Internet a possibilidade de escutar as suas emissões. Mas é preciso referenciar que a não maximização das oportunidades oferecidas pela Internet também se estende para os média independentes.

Enquanto noutros países há uma convergência entre os média convencionais e a bloguesfera, onde os órgãos de comunicação social abrem espaço para blogues dentro das suas páginas assim permitindo uma maior interacção com o público, em Moçambique tal ainda não acontece.

Posto isto, não há dúvidas que a bloguesfera “pensante” moçambicana ainda está às milhas de chegar à esfera pública da acepção habermaniana, isto é, um maior acesso; a questão de consenso crítico-racional; e a ideologia e grupos especiais de interesse. Mas o mais importante a reter é que as análises na bloguesfera aumentaram de nível, o que augura bem para o nível de debate no nosso país.

Chegados aqui, tenho a dizer que não sei se o Nullius in Verba pode ser considerado um blogue “pensante” ou “sério” e que contribui para o alargamento da esfera pública da acepção habermaniana. O que sei dizer é que na medida do possível dou o meu melhor mas a minha ambição é fazer parte do clube dos “pensantes”.

Agora regresso ao título desta postagem para questionar o que fazer para que mais blogues contribuam para alargar cada vez mais a esfera pública de debate, aumentando o seu nível? Será que terão (os blogues) de traçarem uma agenda mais pensada ou pesada, ou as duas opções?

19 comentários:

  1. Bayano
    Belo texto, excelente caracterização desse espaço em constante mutação.

    abraço

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  2. caro patrício,
    obrigado ppor cá passares e pelo elogio. vamos continuar a trabalhar.
    aquele abraço e bom fim de semana.

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  3. Devo concordar com o Patrício, excelente reflexão. Vi com algum interesse ontem na STV, a entevista com o Ungulani, onde ele falava das influencias que teve de alguns escritores considerados excluídos e ou marginalizados, mas que, acabaram, jogando um papel na sua escrita.
    Verdade, ainda que não citados, os blogs, tem atravessado, em parte, a comunicação social, onde matérias dos “pensantes” acabam inspirando, senão influenciando o pensamento do jornalista.
    Um outro ponto, tem a ver com o cepticismo, que se olha para os bloguistas, pois, para muitos jornalistas quando a matéria do blog é péssima, acreditam que seja do bloguista, mas quando bem elaborada, chamam os fantasmas de plágios e ou não citação das fontes.

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  4. caro amosse,
    obrigado por cá passares. por acaso, não pude acompanhar a entrevista com ungulani. encontrava-me na altura na casa de um amigo que regressou ontem de uma viagem, sendo que para ele o mais interessante era acompanhar o debate na tvm. devo certamente ter perdido muito. estava até interessado em ouvir se abordar-se-ía a questão do acordo ortográfico.
    bem, tenho o pensamento de que os tais ditos marginais são pessoas que devem ter ideias que contrariam o status quo ou estão avançadas em relação à sua sociedade. dai ficam na periferia até serem "descobertos" muito mais tarde. são talvez as suas ideias que apresentam outras perspectivas que quando "descobertas" acabam nos influenciando de uma forma quase que revolucionária. afinal o Homem gosta de coisas diferentes! também não te esqueças que muitos não se compadecem com ideias novas porque não gostam da ideia de mudança.
    quanto ao ceptismo, posso enquadrá-lo na teste acima de que muitos resistem às mudanças, e encontram todo o tipo de justificações para desvirtuar senão mesmo desvalorizar o trabalho de outros. citar as fontes não me parece crime, o que é crime é fazer cópia e colar os escritos dos outros sem nenhuma interpretação ou mesmo revelar que não são nossas palavras. mas como soi dizer, enquanto a caravana passa, os cães ladram.

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  5. caro bayano, estás de parabéns, mais uma vez, por esta excelente reflexao. provas com este texto que o teu blogue contribui, de facto, para a melhoria da qualidade do debate na nossa esfera pública. eu preferiria definir essa noçao de "esfera pública" longe de habermas, pois alguns dos problemas que a nossa esfera pública apresenta têm muito a ver com o fundo marxista da análise habermasiana. o espaço de debate cujo surgimento ele tao bem descreveu e analisou era o espaço de imposiçao da burguesia sobre o resto e tomada de controlo do estado por ela. há essa tendência em alguns blogues que, em minha opiniao, limita bastante o contributo que poderiam dar e desagua nos desabafos que sao confundidos com crítica social. habermas apercebeu-se disso mais tarde e passou a falar da acçao comunicativa que, de facto, reflecte melhor o desiderado do discurso livre de constrangimentos. penso que é por aí que devíamos caminhar para o bem do nosso país.

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  6. Bayano, esperaste até que tivesses tempo para contra-argumentares sobre o papel da bloguisfera? Que alívio, ainda que isto vem de um jornalista profissional! Afinal não é necessário que se pense que a bloguisfera é um perigo! Excelente! Uma boa análise comparativa. Pessoalmente acredito que a bloguisfera está assumindo o papel da democratizacão não só da sociedade, mas também dos media convencionais e actores políticos. A maior parte dos jornais produz pecas de nóticias ou artigos de opinião para o consumo, mas os blogs põem-as em debate. Parabéns.

    Se eu tiver algo para contribuir nisto, diria que a bloguisfera cria e desenvolve hábito de leitura e escrita, hábito de registar as ideias.

    Abraco

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  7. Bayano!

    O teu penultimo paragrafo revela "modestia excessiva" da tua parte!
    Tenho notado, como referes nas entrelinhas, que a bloguesfera tem estado a influenciar, de forma crescente, os eventos nos media convencionais! Aqui nao falo apenas de "postagens" em si, mas sobretudo dos "comentarios" que elas geram!
    No "sentido oposto", julgo haver a vontade de "crivar" algumas noticias publicadas e conferir-lhes cunho analitico! E' materia de facto que, muitas das nossas publicacoes andam preenchidas de "comunicados de imprensa"!

    Abraco e bom fim de semana a todos!

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  8. Caro Bayano!

    Acho que traçar uma agenda mais pensada ou pesada, ou as duas opções para os blogs seria de certa forma obrigar os bloguistas a estarem comprometidos com alguma coisa. A meu ver a ideia da maioria (ou pelo menos de uma boa parte) dos blogs e disseminar a informacao de uma maneira "descomprometida".

    Tamusjuntus!

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  9. Bayano!

    Sempre atento.
    Olha, para o que postaste, nem vejo a razäo das questöes que colocas no fim, analisaste bem o caso de modo que as respostas estäo também là inseridas.
    Como bem o dizes, o ''pensante'' näo vai à recolha de informaçäo, ele continua se servindo das buscas do jornalista. Agora, a onde acho o pensante dominante, é na anàlise, comentàrio e debate da talvez mesma informaçäo, por gozar de muitas vantagens, das quais: a sua capacidade de anàlise, a liberdade e a facilidade de publicar (postar), os seus pontos de vista.
    Mas o que acho bom, é o facto de jà existirem muitos blogs onde o ''pensante'' elabora o caso a debater, e o teu muitas das vezes näo foge dessa regra. E hà outros que antes de lerem o jornal näo têem nada a postar, näo sei se é por incapacidade de nos brindar com algo que näo passe necessarimente pelos meios de comunicaçäo de massas ou uma simples escolha de assim trabalharem.
    Talvez tenhàmos de classificar os bloguistas, os que escrevem as suas proprias anàlises, sem o uso dos olhos de terceiros, e os que esperam o olhar dos outros para fazerem o seu caminho.

    Tenho que parar por aqui antes que o texto seja mais confuso do que jà o percebo.

    Um forte abraço Bayano.
    Félix

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  10. A blogosfera moçambicana cresceu muito em quantidade e cresce (embora não na mesma proporção) em qualidade. Prova desta última é este seu discurso reflexivo.

    Acredito que muita boa gente, governantes incluídos, para além dos jornais tradicionais, tem os blogs como complemento na formação de uma visão sobre diversos assuntos aqui tratados.

    Estes espaços começam a ser poderosos e precisamos aproveitar esse poder, influenciando decisões, propondo soluções e dismistificando muita coisa que precisa ser desmistificada incluindo a cultura de unanimidade que parece ainda prevalecer; ser cidadãos que não se demitem dessa sua qualidade

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  11. Caro elísio,
    Obrigado pelos comentários. De facto, a escolaridade tem dessas. Tomamos um ponto de partida e através de um plano pensamos que chegaremos ao nosso destino, se tudo permanecer igual, sem grandes contratempos. Todavia, pelo caminho descobrimos que o método utilizado para planear pode não ter sido o melhor ou que o ponto de partida poderia ter sido outro, e então revemos tudo, acabando num outro destino. Já não me recordo quem, mas alguém disse que o seu melhor momento era ao pequeno almoço quando desmontava hipótese sobre hipótese até ficar satisfeito. Eu olho para esta postura como se escrever na água se tratasse.
    Quanto a mim, a questão aqui sobre o espaço público habermasiano é o contexto: como bem o dizes “espaço de imposição da burguesia sobre o resto e tomada de controlo do estado por ela”. São válidas as tuas preocupações com relação à leitura marxista que se faz da esfera pública habermasiana. Mas eu a enquadrei no campo democrático-liberal visto ter características que se adequam à esse contexto como vou explicar a seguir: (a) no seu structural transformation of the public sphere habermas diz que nela qualquer um é livre e tem direito de participar e nenhum cidadão deve ser julgado pela sua classe mas sim do valor do seu argumento; (b) todavia, não é um lugar intelectualmente para todos mas um espaço para debate racional e crítico; (c) a opinião pública não é resultado de sondagens de opinião mas sim resultado de debate crítico e racional. Em minha opinião, isto não foge muito daquilo que pretendemos: debate crítico e racional. Posso estar errado quanto ao meu entendimento, mas de qualquer das formas é essa a esfera pública que visualizo, um pouco como o mercado de ideias onde as melhores é que prevalecem; não são melhores porque são da maioria mas porque têem todos os condimentos racionais e críticos para o serem.

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  13. caro reflectindo,
    colocaste uma questão que acho problemático da nossa esfera pública – as percepções que se têem da bloguesfera. não só, mas de qualquer outro meio de comunicação. debater ideias de forma crítica e racional não me parece problemático, embora haja quem assim o achar. não vejo perigo nenhum na bloguesfera. de todos engajarmos num debate crítico e racional, mesmo em trincheiras opostas, não vejo perigo algum nisso. pelo contrário, só através desse tipo de debate é que o país possivelmente possa crescer.
    vou concordar contigo que a bloguesfera requer pessoas que entrem nela buscando o estímulo do seu intelecto. é uma caminhada muito interessante e assaz iluminante.
    obrigado pelos comentários e elogios.
    abraços

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  14. caro jonathan,
    obrigado pela achega. não foi essa a minha intenção. a questão do nosso valor é sempre relativo, por isso, pessoalmente gosto de partir de baixo para cima. mas enfim.... concordo que os comentários se bem descodificados acabam influenciando os media convencionais. mas isso é um processo, tanto para os bloguistas como para os meios de comunicação social convencionais.
    a preguiça não é nenhuma virtude, diz o provérbio. talvez o cunho analítico que as notícias recebem na bloguesfera seja uma forma de mostrar aos jornalistas para serem mais cuidadosos? não sei dizer, mas o que me parece é que os jornalistas já vêem com defeitos de fabrico e não procuram emprestar aos seus textos um cunho analítico. comunicados de imprensa sempre foram uma praga para o nosso jornalismo. nalguns sítios o comunicado de imprensa apenas despoleta a notícia e cabe ao jornalista fazer perguntas e cavar mais a fundo.
    abraços

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  15. caro magus,
    há quanto tempo! bem, não entendi a tua última parte do segundo período. o que quer dizer descompremetido? descomprometido em relação a quem e ao quê? eu estou a pensar que o comprometimento deve ser em relação ao debate crítico e racional.
    abraços

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  16. caro félix,
    obrigado por passares. bem, temos primeiro que concordar que não há problemas nenhuns em que alguém se socorre de olhos de terceiros. é que nem sempre seremos testemunhas “oculares” (como se diz em bom moçambiquês). dai que, vai-se buscar a informação onde quer que seja. veja o teu caso. estás a concluir e quantas vezes foste obrigado a consultar fontes secundárias? a geração de conhecimento gera justamente isso. o que se quer é que seja que for a perspectiva, algum valor deve ser acrescentado à nossa esfera pública.

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  17. obrigado júlio,

    eu também quero crer que utilizam os blogues como complemento na formação de uma visão sobre o país. e acho que devem ficar de certa forma tristes quando nos alheamos e não postamos com regularidade. continuemos a trabalhar por este moçambique. aos poucos iremos todos entender que a unanimidade sem debate crítico e racional não serve para muito senão enganarmos. o caminho é longo.
    abraços

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  18. Oi Bayano!

    Espero que estejas bem.

    Olha, acho que näo preciso de acrescentar mais nada, o teu comentàrio dedicado à mim contém uma boa parte do devia escrever.

    Com tempo espero ler a nova postagem.

    Um forte para ti.

    Félix

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  19. Bayano
    Cheguei tarde como sempr! esta a pensar num assunto de facto pertinente.

    "Contributo do blogue no alargamento da esfera pública" creio que o é maior. Entretanto, quero concordar com E. Macamo será mais produtivo se conseguir auto-combater os atuais constragimentos embora não percebi a destinção do desabafos e crítica social. porque o que eu defendo é que, tentemos ser mais imparciais possível nos nossos debates.

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