segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Mcel

O jornal “Notícias” brindou-nos hoje na coluna “Breves” com uma brevísssima muito interessante. Citando uma fonte anónima autorizada (se é autorizada, então porquê o anonimato?) da Mcel, diz o jornal que a avaria que pertubou as comunicações durante as primeiras horas de Domingo tinha sido reparada.
Por acaso, também fui vítima da avaria quando a minha troca de SMS’s com alguém foi interrompida por volta das 4h00 de madrugada. Só voltei a entrar em contacto com a pessoa quase ao meio-dia.
Não sei se isso também ocorre na rede Vodacom, mas já é preocupante a forma como as avarias são constantes na Mcel. Hoje, por exemplo e irronicamente depois de se anunciar a reparação da rede, não há rede na Mcel. Estou a imaginar os transtornos que isso estará a causar aos homens de negócios, aos familiares que querem comunicar o falecimento do seu ente querido, as marcações ou desmarcações de encontros, enfim.... é um autêntico transtorno.
Isso, acontece numa altura em que se diz que a Mcel pretende investir (expandir-se) na África do Sul e Botswana. A ser verdade, ques erá desse empreendimento com esse tipo de comportamento não fiável? É que noutras sociedades este tipo de erros não se perdoa. O consumidor praticamente opta por mudar mal apercebe-se dessas inconveniências.
Na Mcel, alguns aventam a hipótese de sabotagem. Não é essa uma estória do macaco que não sabe dançar? Hoje nem a famosa voz de “... por favor, ligue mais tarde” se faz ouvir. A este andar ainda me mudo para o "Tudo Bom"

Boas Festas!

Estamos de novo naquela altura do ano. Os agregados familiares já começaram a fazer as compras que as permitirão passar de forma condigna (?) a quadra festiva. os comerciantes já esfregam as mãos, tanto é o dinheiro que certamente vai circular pelas suas mãos.
Os mais afortunados não vêem a hora dos escritórios fecharem para rumarem para os seus destinos preferidos; sejam eles dentro ou fora do país. Afinal trabalharam duro durante o ano que em breve vai findar!
Se o peditório ainda não começou, não vai tardar. É que quase todo o mundo vai competir para ser os primeiros a dizer “Boas Festas”. Porquê peditório? Em Moçambique, “Boas Festas” parece transcender o simples gesto e expressão social de desejar ao próximo que desfrute do melhor na quadra festiva. Em Moçambique, dizer “Boas Festas”, pelo menos no Ronga da minha mãe e em Português, significa um pedido: peço que me ofereça algo!
Não sei como surge esta prática, mas sei que cria algum constrangimento porque parece obrigar o(a) “boa festado(a)” a abrir os cordões da bolsa para oferecer seja lá o que for. Bem, a prática já pegou e, de algum modo, isso cria uma pressão social.
“Boas festas” encerra em si uma cultura de reciprocidade, onde o enunciador parece desejar (?) ao outro um bom desfrute (quando na realidade, em muitos casos, está a pedir que se lhe ofereça algo) e o outro ao dizer obrigado, vê-se obrigado (desculpem-me o pleonasmo) a oferecer-lhe algo.
Não sei se existem penaltes sociais para quem falha produzir a oferta após ter sido graciado com o “Boas festas”. Ao nível pessoal, houve velhas vizinhas que atormentaram-me durante toda a quadra festiva que tive que arranjar formas de me manter invisível na vizinhaça; ou ser o primeiro a pedi-las.
Será que quem me deseja “Boas Festas” tem direitos sobre mim? O pedido, em si, é normativo ou prescriptivo? Moralmente, é apropriado que me recuse a oferecer seja o que for após ouvir o “Boas Festas”? o que significa o acto de ofecerer (diga-se após ser obrigado)? Qual é a intenção moral dos participantes nesse tipo de transacção?
Bem, se me ouvirem a dizer “Boas Festas”, não se sintam pressionados a oferecerem-me seja o que for porque estou apenas a desejar-vos que desfrutem as festas da melhor forma possível e que tenham um próspero ano novo.
PS: Eduardo Fernando Chabana, Chefe do Departamento de Trânsito no Comando Geral da Polícia, apelou à PT para que não peça “Boas Festas”.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Moçambique é um laboratório fértil para testes. O último teste provou que graças ao sistema de produção nacional do Arquivo de Identificação Civil se leva seis à um ano para a emissão de um bilhete de identidade. O governo acordou ao facto de que esse é um atraso que não pode ser tolerado – o prazo inicial previsto para a emissão de um bilhete de identidade era de 15 dias.
Eu tive a sorte de obter o meu BI após três meses, e estava a começar em pensar na estratégia para “tirar” um outro quando o actual caducar em Agosto de 2009. Mas graças à um novo teste que o governo julga necessário, poderei não ter dores de cabeça para a obtenção de um BI (Não preciso de falar da importância do BI para o cidadão).
Doravante, a produção do BI ficará à cargo de uma empresa privada. Não vejo problemas nisso, tanto que precisamos de desenvolver a burguesia nacional. Mas leiam a parte grifada (texto em inglês) antes de mais.
  • 421208E IDENTITY CARDS AND PASSPORTS TO BE PRODUCED BY PRIVATE COMPANY Maputo, 10 Dec (AIM) - The Mozambican government is preparing to privatise the production of identity cards and passports, following repeated scandals concerning the delays in issuing such documents, and the mysterious appearance of passports, and residence documents for foreigners in the hands of persons who are not entitled to them. The government spokesperson, Deputy Education Minister Luis Covane, told reporters on Tuesday, following a Cabinet meeting, that next year, the government will sign a contract with a private company to produce the identity documents. The government will select the company, and the contract will not be put out to tender. Previously passports have been issued by the National Immigration Directorate and identity cards by the Civil Identification Office. Last week Interior Minister Jose Pacheco admitted that 400 passports had been stolen from the Immigration Directorate, while AIM knows of citizens who received their identity card a full year after applying for them. The nature of the Mozambican state and legal system is such that life can become very difficult for citizens without identification papers. Covane said that this decision was taken after the government realized that its own services were failed to respond to the need of Mozambicans for identity documents. Covane added that farming out the production of these documents to private operators will guarantee greater reliability and speed. “Leasing the issuing of IDs and passports to a private company will mean a revolution in the whole way of doing things. We are unable to solve the problem of identification of our citizens with the current mechanisms. The problem of a state is to have its citizens duly identified, with documents”, he said. To carry out this project, the government has set up a team of experts from the Interior, Finance, and Science and Technology Ministers, each of whom will have specific tasks in the project. “The government is to negotiate and sign a direct contract with a private company to issue IDs and passports, with guaranteed security features”, said Covane. “The Finance Minister has been authorised to sign a contract with the selected company. We want all citizens to have identification documents”. The Interior Ministry will be in charge of the entire process, while the Finance Ministry will negotiate the contract. The Science and Technology Ministry will supervise the technical and scientific aspects. “The Interior Ministry will oversee the process because it has agents qualified to see if the documents have all the relevant information for citizens to be allowed to move around safely, both inside and outside the country”, said Covane.(AIM)

Para o benefício dos que não lêem Inglês, vou traduzir livremente a parte grifada: “... o governo assinará um contrato com uma empresa privada para produzir os documentos de identidade (BI e passaporte). O governo fará a selecção da empresa, e o contrato não será objecto de concurso.”

É isso mesmo. O governo vai escolher a empresa que produzirá os documentos. A notícia não diz que justificação o vice-Ministro Covane deu aos jornalistas, o que é uma pena.

Pessoalmente, gostaria de saber as razões que levam a governo a proceder desta forma, ie, entregar a produção de documentos de identidades sem concurso público. Isso não dará azo para acusações de clientelismo? Se o cometimento desse governo é ser mais transparente, o que motivou a inversão de marcha? São dúvidas que me parecem pertinentes......

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Símbolos (a)

Os comentários sobre o texto anterior sobre os símbolos foram interessantes e, de alguma forma, mostraram que ainda temos muito caminho a percorrer e muita coisa por reflectir no país. Assim, na senda do debate sobre os símbolos um amigo chamou-me atenção sobre um facto: talvez o Grabiel Júnior e os demais que se embandeiram em “jingoísmos” baratos não sejam os piores ofensores.
Se repararem nas imagens da Assembleia da República, principalmente as que oferecem um plano geral das sessões, não hão-de deixar de não notar que mesmo no centro existe um tapetão com o escudo/brazão de Moçambique – o escudo, à semelhança da bandeira e o hino nacional são os símbolos nacionais. Há muito tempo que não vou à presidência, por isso não posso dizer se lá também há tapetões estampados com o escudo.
Bem, acho que não constituiria problema algum para mim se as coisas terminassem apenas aqui. O que me preocupa é que é justo sobre o escudo onde os operadores de câmera colocam os seus tripês e fazem as filmagens das sessões.
Se na Assembleia da República, onde as leis são legisladas, pisar o escudo não constitui preocupação para os legisladores, o que dizer dos apresentadores de programas? Se deve ser no parlamento onde (?) o sentido mais elevado de consciência nacional (após a presidência) deve residir, o que dizer dos fabricantes de chinelos?
Moçambique precisa mesmo de uma política de colocação e uso dos seus símbolos, sob risco de se tornarem irrelevantes.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Símbolos

Estava na tarde de Sábado sentando defronte da televisão. Estava a passar um programa sob o HIV e SIDA. Não vi o programa desde o início, mas sei que o apresentador é o Gabriel Júnior do “Moçambique em Concerto”. É salutar falarmos do HIV e SIDA, mesmo quando não sabemos conduzir a conversa. Há pessoas corajosas que estão a fazer o teste, e o teste de uma delas deu positivo.
Bem, não é sobre o HIV e SIDA que quero falar. Esta é apenas uma pequena postagem para não sobrecarregar o vosso fim de semana.
O “Moçambique em Concerto” é um dos poucos programas que exibe como parte do seu logotipo a bandeira moçambicana, portanto um símbolo da nossa soberania. Os símbolos de uma nação ocupam um lugar especial no panteão dessa mesma nação. São até reverenciados não fossem eles os que aglutinam os diferentes grupos sociais à volta de um objectivo comum. Os símbolos como, por exemplo, bandeiras simbolizam (desculpem-me o pleonasmo) a soberania, orgulho e honra. Reflectem os ideias, crenças e valores defendidas por uma determinada nação. Formam um elemento crucial da identidade das nações, pelo que devem ser tratadas com dignidade e honra.
Outras nações têem regras escritas sobre como os símbolos devem ser utilizados e quando. Ao que me parece Moçambique não consta do rol desses países. Ora vejamos, eu não saberia de que lado colocar a nossa bandeira se houvesse a bandeira de um outro país: se do lado direito ou esquerdo. Também não sei se posso colocar a bandeira no meu cartão de visitas. Não saberia se como cidadão comum, posso içar a bandeira em casa e como o posso fazer; se posso içá-la à noite; se posso reproduzi-la e em que tamanho; se posso utilizá-la para questões de publicidade ou decoração; se ao estragar-se ou desfiar-se posso deitá-la na lata de lixo; entre outros.
Outro dia, ao anunciar a sua saída do programa “Pontos de Vista” da STV, Amorim Bila, obsequiou-nos com uma carta onde via-se claramente o emblema de Moçambique no topo. São dessas coisas que nos deixam confuso, i.e, se um cidadão pode usar papel timbrado com o símbolo nacional para correspondência pessoal.
Falava do programa “Moçambique em Concerto” que hoje tem como palco aquele edifício grande na baixa da cidade, denominado de shopping centre. O programa parecia ser mais interactivo visto que estava sendo produzido num sítio público onde passavam famílias e pessoas singulares, que eram interpelados de quando em vez.
Dizia que o “Moçambique em Concerto” tem um logotipo muito interessante sob qualquer ponto de vista. O logotipo consiste da bandeira de Moçambique e a figura de um saxofonista superimposta sobre aquele símbolo nacional (noutros países não se permite a superimposição de qualquer figura sobre a bandeira). Noutro dia iria questionar a racionalidade de colocar um saxofonista sobre a bandeira no sentido de porquê justamente um saxofonista e não a figura de um outro artista a tocar qualquer outro instrumento – evoco aqui a questão de representatividade.
Bem, ao contrário de outros dias, quando o programa é apresentado no estúdio, o logotipo do programa servia de tapete ao palco ali montado. Por conseguinte, todo o artista que por lá passava pisava-o e por tabela pisava a bandeira nacional.
A minha questão é: existem regras para o uso da bandeira ou qualquer outro símbolo no país? Se sim, quem é que fiscaliza a aplicação dessa regra? Se não, o que pensam os moçambicanos sobre o uso da bandeira como tapete? Pisar a bandeira é ou não crime? Pode-se atear fogo à bandeira nacional, por exemplo?
Bom fim de semana!

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Acidente

Outro dia tive um pensamento que quase me violentou a mente. O tal pensamento foi provocado por apenas uma palavra: acidente. Na verdade o que me causou inquietação foi reflectir sobre o que é um acidente; se um acidente acontece ao caso e se pode ser evitado, entre outros. Na altura procurei definições de acidente e uma que gostei dizia que “acidente é um evento inesperado e indesejável, um mau acontecimento imprevisto e sem aparente causa.”
Digo que gostei porque na minha mente “sem aparente causa” é uma expressão suspeita. Onde opero, há sempre causa para tudo embora não seja imediatamente possível conhecê-la. Só essa expressão pode ter-me queimado mais alguns neurónios – alguém dizia-me noutro dia para não me arreliar visto que os que ficam atrás são mais adaptados (Charles Darwin). Enfim, hoje voltei a ter a mesma sensação ao ler aqui sobre um jovem cuja viatura tombou na baía.
Já perdi conta do número de carros que tombaram na baía e cujos ocupantes perderam a vida. Felizmente, o condutor deste apenas “tomou um banho”. Mas será que existe algum íman que atrai viaturas para a baía? A resposta é um forte NÃO.
Especialistas em acidentes de viação apontam para quatro factores como contribuindo para a maioria de acidentes, nomeadamente falha do equipamento; desenho da estrada; pobre manutenção de estrada; e comportamento do condutor.
Quem conhece a cidade de Maputo sabe que a Avenida da Marginal faz um cotovelo a partir da ponte aérea até ao quiosque situado no parquito perto da gasolineira BP. Esta é uma das áreas onde mais “tombos” ocorrem. Será o desenho da estrada o factor que causa os tais acidentes?
O outro factor é o comportamento do motorista. A notícia diz que o acidente ocorreu de madrugada. Quem sabe o automobilista não estava encharcado de álcool. Bem, se falo do álcool é porque é apontado como estando na origem de muitos acidentes de viação. O que é certo é que as pessoas pensam que as noites são o momento oportuno para pôr o motor à prova, e se há uma confluência dos factores apontados acima, há maior probabilidade e risco de ocorrer um acidente.
Sempre defendi que há zonas da nossa cidade em que a edilidade devia introduzir novas regras na estrada. Por exemplo, porquê não pensar em colocar lombas ao longo da Avenida da Marginal? Afinal o objectivo é salvar vidas, não é verdade?